Parque da Luz: um exemplo de resistência (*)
Quanto mais linda é a cidade, maior é o risco que ela corre. Exatamente isso é o que está acontecendo aqui. Florianópolis com sua beleza sem par atrai gente de todo lugar. Com a especulação imobiliária correndo solta, ocupando os morros, aterrando mangues e praias, nada vai sobrar. Basta olhar o trânsito caótico para perceber que algo de errado está acontecendo. Para sair ou chegar na ilha, não tem hora e nem dia. Só com muita paciência. Qualquer eventual necessidade de uma grande obra nas pontes vira um caos.
Uma outra preocupação é com a preservação de suas belezas naturais. Sem uma conscientização e o envolvimento da sociedade, tudo fica mais difícil. Uma cidade que comemora 350 anos com graves problemas para resolver, não pode abrir de uma parceria com uma universidade como a UFSC. Reconhecida nacionalmente e selecionada entre as dez melhores universidades da América Latina, a UFSC tem muito à contribuir com o futuro da nossa capital. Inclusive ficar de olho com a obra que estão fazendo no binário da Deputado Antônio Edu Vieira. Longas filas estão se formando por lá. (**)
Na última sexta-feira, 17, de manhã cedo estava previamente agendada uma reunião com o reitor Irineu Manoel de Souza. Uma conversa leve e solta sobre a importância de se ter novas ideias e conversar com a cidade sobre elas. Sem limitações e preconceitos como bem lembrou o reitor Irineu. Sua posição sempre será em defesa de uma UFSC múltipla, aberta e acolhedora, pronta para se relacionar com a cidade. O futuro da cidade passa pelo diálogo e pela busca de consensos. (***)
A saudação para esse dia simbólico, não tem outra motivação que não seja de despertar consciências. Acorda Florianópolis, te liberta das ameaças que sofres. Prefeitos e vereadores passam, a cidade fica. Quem te acompanha observa o que está acontecendo contigo, um processo de saturação urbana muito acelerado. Sem um Plano Diretor transparente e participativo, a cidade fica entregue a interesses obscuros sem considerar seus cidadãos.
(*) Na hora de escolher a foto, logo veio a lembrança o Parque da Luz. Uma marcante vitória da comunidade contra os interesses de sempre. As pessoas naturalmente integraram o parque com a ponte Hercílio Luz. O que era um cemitério abandonado, jogado ao descaso, agora é o ponto de encontro mais importante da Capital. Um presente que a cidade jamais esquecerá.
(**) Na lista das dez melhores cidades para se viver nos EUA está Madison, a capital do Wisconsin. O motivo: a forte ligação da universidade com a cidade. Nasceram e se desenvolveram juntas. A cidade é de 1848 e a Universidade é de 1850 e está entre entre as 100 melhores do mundo. Conheço bem a cidade e a universidade: meu filho é professor na UW e o meu neto nasceu em Madison.
(**) O que mais simboliza o atraso urbano de Florianópolis é ter entre dois dos mais tradicionais bairros da cidade, Agronômica e Trindade, o maior presídio de Santa Catarina. Os anos passam e lá está ele, a poucos metros da Casa do Governador. Ninguém merece.
PS- No mesmo dia do Aniversário de 350 anos de Florianópolis, Curitiba realiza o SMARTCITY EXPO, de 22 a 24, com palestrantes nacionais e internacionais. Cidades referência como Berlim, Londres, Paris e tantas outras estão sendo repensadas. São Paulo, a maior cidade da América Latina, reza para que chova e que não falte água no Cantareira, principal reservatório que abastece a capital. Ao mesmo tempo se sente refém das "chuvas de março" que inundam a região. A falta de planejamento urbano de médio e longo prazo, tecnicamente sustentável, é fatal para as cidades. A indiferença e a omissão nunca foram boas conselheiras. Aqui no aterro da Baia Sul um projeto do renomado paisagista Burle Marx, por descaso, virou garagem de ônibus. (1909/1994)
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