domingo, novembro 12, 2023

O desafio de FLORIPA é eleger o novo

 

                                                          
                            Jurerê sem glamour, foto de um caminhante (Mauro Passos)

Florianópolis foi amor à primeira vista. Tudo aconteceu no Verão de 1973, quando vim para a UFSC. Se chovia subir a Lagoa da Conceição era uma aventura. A Beira Mar não estava pronta e se ligar com o continente só pela histórica Ponte Hercílio Luz. Em 1977 consegui realizar um sonho de estudante, morar definitivamente aqui. A cidade me deu dois filhos especiais, bons amigos, dois mandatos de vereador, um de deputado federal, além de uma visão de mundo mais apurada. Os comentários que costumo fazer são sempre sobre a gestão da  cidade. 

Florianópolis é perseguida por uma lógica de apadrinhamento quase que histórica. Seus gestores, independente de suas cores partidárias, quase que não se diferenciam.  O DNA é o mesmo. No fundo, padecem de um mesmo destino que os impede de se reinventar. Quando vejo uma cidade jovem, com inúmeras oportunidades, que curte capoeira, surf, skate e se amarra em trilhas e ciclovias, me vem uma certeza: o prefeito tem que estar em sintonia com a cara da cidade. 

O novo, seja ele quem for, tem que se expor, quebrando a lógica do apadrinhamento. A foto que propositalmente publiquei, é uma foto que dói: porque mostra uma realidade que sempre esconderam.  A velha história que nos persegue, para atender alguns que se danem os outros. Com a proximidade de verão vem os retoques de sempre. Agora a ordem é engordar a praia. Os Beach Clubes que estão onde não deveriam estar, continuam lá. 

Já tivemos na Armação um caso parecido, tratado como de emergência. Sem grandes estudos, decidiram encher a praia de pedra.  A praia, uma das mais bonitas da Ilha, em vez de areia tem pedra, deitar nem pensar. Num outro momento, quando alargaram Canasvieiras, fecharam o rio do Braz. Uma loucura, qualquer criança sabe que o rio corre para o mar.

Toda a vez que o mar avança, como aconteceu sábado em Laguna, "um tsunami tropical", é um sinal da natureza. O mar vem atrás do que é seu. Em todo o planeta, estudos mais avançados mostram um crescente avanço do mar sobre a faixa litorânea. Algumas pequenas ilhas do Pacífico já desapareceram e cidades importantes estão ameaçadas. 

Um olhar mais amigável para a Ilha, observando e cuidando suas limitações naturais, é o que se espera de um novo prefeito. Na semana passada na Comissão do Turismo e Meio Ambiente, na apresentação da CARBON ZERO sobre o potencial natural da Grande Florianópolis, causou uma enorme surpresa saber que na Região Metropolitana nós temos 35 mil hectares de mangue.  Isso é de um valor incalculável. Quem é do passado só pensa em aterrar mangues e ocupar dunas. Os interesses são muitos e se perpetuam no tempo, passando a impressão de que é assim mesmo: uma cidade refém de alguns. Vamos juntos virar essa página. Floripa precisa do novo.   

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