sexta-feira, dezembro 08, 2023

"Acho que a realidade morreu", José Eduardo Agualusa


                            Na Argentina a campanha do dólar e da motoserra deu certo
                                
 O título "Acho que a realidade morreu" é de um comentário publicado recentemente na Rede Linkedlin, uma das maiores do mundo. O autor do artigo é o português, José Eduardo Agualusa. Reconhecido jornalista, escritor e filósofo, Agualusa escreve sobre os "The Yes Man" que ficaram famosos criando eventos falsos, nos quais assumem a identidade de políticos, influencers ou executivos de grandes companhias internacionais. 

Após essa rápida introdução tudo que segue é entre aspas pra preservar a genialidade do autor, que aliás me fez entender o resultado das urnas na Argentina. "A dupla de ativistas ou artivistas, constituída por Jacques Servil e Igor Vamos, tem por objetivo denunciar, de forma satírica todo o tipo de injustiças ou projetos que ameacem a vida e o meio ambiente".

"A ação mais recente da dupla Servil e Vamos, ocorreu há poucos dias em Lisboa, durante o evento Web Summit, sobre novas tecnologias, que reuniu na capital portuguesa mais de 70 mil participantes, de 153 países. Um representava o CEO global da Adidas e o outro fazia o papel do presidente de um grande banco internacional".

"Releio as notícias sobre a intervenção dos The Yes Man no evento, sem saber se rio ou se choro. A sátira expressa uma determinada realidade - ridicularizando-a. Quando o público leva a sátira a sério, ou seja, quando se mostra disponível a aceitar como realidade a ficção mais fantasiosa, é porque a realidade caiu doente".

José Eduardo Agualusa encerra seu comentário, assim: "A morte da realidade explicaria muitas coisas que vem sucedendo neste nosso planeta nos últimos meses. Explicaria, por exemplo, a eleição do senhor Javier Milei, na Argentina". 

PS - Em 2022 Lula foi eleito por várias razões. Boa parte delas do conhecimento da maioria dos eleitores, que assim decidiram o seu voto: no primeiro e no segundo turno. Na Argentina não se esperava que um candidato com a motoserra na mão e a cara estampada numa nota de dólar, pudesse ganhar a eleição (foto acima). A Argentina não tem dólar; mas tem uma imensa dívida em dólar. Até agora não se sabe como Milei vai dolarizar a economia. Na hora do voto, seus eleitores não pensaram nisso. Para eles foi como se a realidade tivesse morrido.  

 

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