Que o Brasil tá sem rumo, todos sabem. Basta olhar as duas crises que estamos vivendo: a do coronavírus e da economia que agoniza. A primeira veio de fora, uma pandemia que chegou em todos continentes. Sobre ela, não há muito à fazer além de nos prepararmos para enfrentá-la.
Quanto a crise econômica, ela já estava aqui e é de responsabilidade do Guedes. Um ano e três meses de pura enganação. Os investimentos externos não vieram, o dólar disparou, a bolsa desabou, desemprego aumentou e o Posto Ipiranga virou piada de salão.
Durante décadas trabalhei no planejamento do setor elétrico brasileiro. Como deputado na Câmara Federal e no Parlamento do Mercosul, fui membro titular da Comissão de Minas e Energia. Um dos principais indicativos do humor da economia, sempre foi o consumo de energia elétrica nos setores industrial, comercial e residencial.
Na última terça feira, dia 31, me chamou a atenção uma notícia perdida no meio da crise que atravessamos. O governo adia leilões de energia elétrica e atribui a medida a "excepcional mudança de hábitos de consumo". Quanta desfaçatez; ou melhor me engana que eu gosto.
Não houve "mudança de hábito de consumo", como alega o ministério. O que aconteceu foi uma considerável redução no consumo de energia elétrica, já identificada em 2019, com o PIB de 1,1%, agora agravada pelo anúncio do PIB ZERO, em 2020.(*)
O governo precisa agir porque a luz vermelha já acendeu. O baixo consumo levou o preço da energia desabar no mercado livre. A causa é que as distribuidoras fazem contratos de longo prazo e estão com energia sobrando. A demanda por energia nos três setores (industrial, comercial e residencial), caiu significativamente. A conta não fecha e vai ser alta.
(*) Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel da Economia em 2001 e professor da Universidade de Columbia, em recente entrevista ao jornal Estado de SP, alerta que o futuro do Brasil está sendo colocado em risco.
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