segunda-feira, junho 08, 2020

A democracia ameaçada

Durante mais de 20 anos fui filiado ao PT, de onde vieram meus dois mandatos de vereador em Florianópolis e um de deputado federal. Em 2007, sem mandato, veio o desafio de criar um instituto, com intuito de promover as energias alternativas na América Latina. Treze anos se passaram, e ainda estou lá. A vida partidária ficou para trás e a minha contribuição cidadã, passou a se dar através das iniciativas do Instituto IDEAL. Embora reconheça a importância dos partidos políticos numa democracia (desde que não sejam tantos), as pessoas encontram vida participativa fora das estruturas partidárias. Basta querer e estar motivado. Sou prova disso. 

Diante da democracia ameaçada, as ruas começam a receber manifestantes de diferentes perfis. Sem que tenham uma uniformidade de pensamento, vão conversando e caminhando. No momento a bandeira que os unifica, se chama: defesa dos valores democráticos. Aparentemente, um movimento amplo demais, que pode correr o risco de despertar interesses oportunistas e obscuros. Em razão disso, antes de aderir a um grupo, nada mais natural que se avalie o que buscam. (*)

Dois recentes artigos me convenceram de ir para a rua. Um do frei Beto e o outro de Carolina Kotscho. O de frei Beto,"Não consigo respirar nesse Brasil desgovernado". Já  Carolina, num belo texto, lembra que as pessoas estão se unindo pelo sentimento de urgência, para combater o discurso de ódio e defender a nossa democracia ameaçada.

Segundo ela, o Manifesto ESTAMOS JUNTOS expressa o sentimento e o pensamento de um grupo diverso. Na semana passada, para surpresa dos seus idealizadores, teve mais de 8 milhões de acessos, no site oficial do movimento. ESTAMOS JUNTOS é um movimento verdadeiramente espontâneo, organizado pela sociedade civil, com opiniões e paixões políticas distintas. O que nos une é a defesa da democracia, conclui Carolina.

O manifesto afirma que representam 70% da população. Não me importa quantos são e nem quanto seremos, só sei que sou mais um. Está muito clara a opção que ora faço, temos dois brasis: o do atraso e o do futuro. Cabe a nós escolher.

(*) Os verdadeiros bandidos da história são os que se infiltram nesses movimentos de rua, com interesses obscuros: os que buscam ganhar visibilidade e votos, para atingir seus projetos de poder; os que se fazem passar por bons moços, até que suas máscaras caiam; os que agem com violência e praticam o vandalismo, com intuito de prejudicar a imagem da manifestação.