domingo, junho 21, 2020

Sem emprego não há volta a "normalidade"

O que nos espera pós-pandemia? É o que todos querem saber, mas poucos conseguem responder. Especialistas acham que a crise é profunda e a saída lenta. No que concordo e tenho me expressado.  Ao contrário de outros países que já dão sinais de superação, aqui o descaso continua. Sem uma orientação unificada, flexibilizamos o isolamento social com o número de mortos e contaminados crescendo. (*)

O que também nos diferencia de outros países, é que estamos diante de um desgoverno. Além dos escândalos semanais, o que temos é um somatório de crises. Para os mais distraídos, relembro: crise política, econômica, sanitária, ética, de gestão e institucional. Esse quadro caótico reforça a preocupação que todos têm, em relação ao tempo da volta a "normalidade".

Normalmente os países apontam para um  futuro de superação, como estratégia motivacional. No nosso caso é o inverso: estamos com saudades do passado. Um sentimento próximo ao "éramos felizes e não sabíamos". A última pesquisa divulgada pelo IBGE, dia 16, aponta que em razão da pandemia temos mais 18 milhões de desempregados em maio. O auxílio emergencial ameniza, mas não atende essa crise social crescente. Sem que haja  criação de empregos em massa, todo o resto se resume "a um me engana que eu gosto". Um remendo atrás do outro.

Guedes evita comentar, só que estamos num círculo vicioso. Sem emprego, cai a arrecadação de impostos; sem receita o Estado não consegue implantar políticas públicas; sem a presença do Estado não dá para resolver a crise. Como consequência, a renda das pessoas cai e o quadro se agrava. Com a sociedade empobrecida, o consumo e a produção desabam. Segundo estudos recentes os dois setores que mais empregam, o de serviços e o da indústria, são os mais atingidos.

(*) Na Saúde, com mortos e infectados crescendo, mais uma semana sem ministro. Na Educação, Weintraub não perdeu tempo, já está em Washington. Na Segurança, Queiroz - finalmente -apareceu: trocou o sítio do amigo do presidente pelo presídio Bangu 8. Na Economia, em plena recessão, o que se vê é a falta de planos da equipe econômica.  

Um comentário:

Zélia Mendonça disse...

Você sempre encanta com memórias encadeadas ao mundo moderno. É tão raro encontrar um escritor com tanta sensibilidade que fico deslumbrada, desde as memórias de seu pai. Identifico-me muito com sua escrita profunda, de alerta, politizada, no entanto sem ódio e nem rancor.



O que mais posso dizer? Escreva, muito, muito mesmo! Sou sua fã!