domingo, março 21, 2021

O resultado da estupidez: em março serão 300 mil mortos; em abril ninguém sabe.

O Brasil está no quarto ministro da saúde e as mortes não param. Escrevo sobre uma tragédia descontrolada, que leva milhares de mortos por dia. É tudo muito assustador. Outro dia saiu uma pesquisa sobre como vamos sair da pandemia. Embora cético em relação às pesquisas, a curiosidade me venceu. Acabei lendo.(*)

A pesquisa mostra que no início, boa parte dos pesquisados achava que o mundo seria melhor depois da pandemia.  O próprio papa Francisco insistia muito numa sociedade mais fraterna e socialmente mais comprometida com as mudanças necessárias. Era o que se projetava para o segundo semestre de 2020.  Só que o tempo se encarregou de mudar a expectativa que se tinha. O que era para os  estúpidos uma simples "gripezinha", se transformou no maior desastre humanitário deste século.

No nosso caso em particular, por descaso do governo, o quadro só se agrava. Como consequência, as pessoas foram mudando o seu humor. A espera da volta da normalidade, não se confirmou. O desafio então passou a ser inserir esperança, diante da tragédia. A pesquisa também mostra um profundo desencanto com o presente. A maioria dos entrevistados gostaria de voltar ao passado. Uma espécie de "era feliz e não sabia". 

Apenas 23% disseram que ficariam com o presente. Pode até ser coincidência, mas é um índice muito perto do identificado como seguidores ainda fiéis do atual governo. Assim como Trump politizou a pandemia, aqui segue-se o mesmo caminho. Nos EUA a mortandade ocorrida durante o seu governo, acabou sendo decisiva no processo eleitoral. 

Outro dado inesperado da pesquisa, foi sobre a reação das pessoas diante das incertezas que vieram com o vírus. Segundo Camila Holpert, "a pandemia mostrou que as pessoas não dividem os sentimentos". O que era para ser tratado coletivamente, acaba sendo individualizado. E com isso a solidariedade fica prejudicada. 

Para Julio de Santi,  especialista em comportamento,  as respostas podem estar associadas a um outro problema, "um possível desejo de fuga da realidade cansativa da pandemia". Sendo assim, as pessoas se fecham e passam a achar "que são os únicos responsáveis pelos seus sentimentos".  O que de certa forma pode responder a resistência para o isolamento social. Tipo: a vida é minha faço dela o que quero. O que dificulta o surgimento da fraternidade. 

(*) Não me atrevo a ir além do registro. Comportamento humano é um tema complexo.  

PS - O Brasil já é responsável por mais de 20% das mortes por covid 19 no mundo, embora nossa população represente 3% do total. A última pesquisa Datafolha, publicada dia 19, aponta que 80% dos brasileiros considera a pandemia sem controle. E sobre Bolsonaro recai  a responsabilidade. Sua avaliação é a pior desde o início do governo. A maioria, 56%, o considera incapaz de governar o Brasil. 

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