Quem acompanha o setor da energia solar no mundo se entusiasma com as suas potencialidades. E, no Brasil, pelas boas condições de insolação que temos, não é diferente. Independentemente da crise que atravessamos, o setor cresce acima de 100% ao ano. As explicações são de toda a ordem, eu mesmo já devo ter comentado sobre elas aqui no blog. Para mim o sol como fonte de energia, é o óbvio. Só que nem todos pensam assim.
Meu envolvimento com a energia solar é bem anterior ao seu desenvolvimento no país. Portanto, faço parte da sua história. Em 2003, como deputado federal, criei a Frente Parlamentar em Defesa das Energias Renováveis. Com 207 deputados, nunca se reuniu por falta de quórum. A lógica da Casa é outra, boa parte dos parlamentares trata o seu mandato de olho na próxima eleição. O futuro distante, não faz parte das suas prioridades.
Com a criação do Instituto IDEAL, em 2007, a energia solar começa a ser conhecida através de um amplo e exitoso trabalho de comunicação junto à sociedade. Com a curiosidade criada, veio o interesse, a legislação e os negócios. Em 10 anos o Brasil passou a ser um mercado promissor para a energia solar. Os números confirmam a nossa boa trajetória.(*)
Só que uma situação mal resolvida dentro do setor, virou uma quebra de braço entre milhares de pequenos e médios instaladores, que atuam na geração distribuída (GD), enfrentando uma forte pressão das concessionárias, de grandes empresas e da própria Aneel. (**)
A disputa entre os dois lados se dá na Câmara Federal, em razão do Projeto de Lei 5.829/19 que institui o marco regulatório para o setor. Como os interesses em jogo são muitos, é necessário um arcabouço legal para se ter segurança nos negócios.
Só que passado e futuro precisam se encontrar para não criar dificuldades desnecessárias. O que se espera é que prevaleça o bom senso, contemplando o sol como fonte natural disponível à todos. A compreensão dessa novidade energética, que vai além da nossa imaginação, é o futuro da humanidade.
O sempre atento Zelmute Marten, explica no seu recente artigo "Disrupção e crescimento exponencial da energia fotovoltaica", as reais causas do debate. Concordo com ele quando sinaliza que a resposta está na inovação disruptiva, que criou um novo e promissor mercado para a energia solar que todos estão de olho. De forma bem resumida, é exatamente isso que está acontecendo no Brasil.
(*) O mais novo estudo da Greener, de março, sobre o mercado de grandes usinas solares, confirma o amadurecimento do setor. Metade dos empreendimentos outorgados possui mais de 100MW. O alvo: os novos leilões e o mercado livre.
(**) A geração distribuída (GD), que é a grande discussão do PL 5.829/2019, também está consolidada. Em 2020 cresceu 116%. Segundo a ABSOLAR a geração distribuída em 2021, deve dobrar de tamanho. A expectativa é criar mais de 100 mil novos empregos e investir 17 bilhões de reais.
PS- O Fotovoltaica/UFSC, foto acima, localizado no Sapiens Park, na praia da Cachoeira do Bom Jesus, em Florianópolis, é uma referência no país. Um centro de excelência na formação de mão de obra especializada para o setor, em soluções solares, estudos na mobilidade elétrica e pesquisa em novas baterias.
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