quinta-feira, dezembro 18, 2025

Como será o amanhã...

Um Natal de Conscientização Ambiental (foto: Mauro Passos)

Em 2024, boa parte do Rio Grande do Sul foi atingido pelas fortes chuvas de maio. Uma tragédia ambiental, social e econômica. No ano seguinte, durante a COP30, a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, foi arrasada por um ciclone. Agora em dezembro a região oeste, o litoral catarinense, a Região Metropolitana e a capital Florianópolis, foram atingidas por fortes ventos e chuvas intensas. Logo depois, a mesma força da natureza chegou em São Paulo. Além de ficar às escuras por vários dias, a maior cidade da América Latina mostrou toda a sua fragilidade diante das mudanças climáticas em curso.  

Com essa breve introdução chegamos  no Seminário IMPACTO FUTURO do Instituto IMPAC, no último 27 de novembro. O objetivo do encontro, um balanço da COP30 e seus desafios. No curto prazo o que vamos fazer em 2026 é debater tudo que aconteceu no início de dezembro em Florianópolis e na Região Metropolitana. A pauta não poderia ser outra, afinal o que vivenciamos com as fortes chuvas, a invasão do mar e os ventos intensos na região, pode se repetir a qualquer momento.

A tragédia com destruição e mortes mostrou nossa vulnerabilidade diante de fenômenos climáticos que estão cada vez mais presentes entre nós. O DNA do Instituto IMPAC é a conscientização ambiental. Portanto, debater a necessidade de “preservar agora pra se ter amanhã” se torna urgente. Num primeiro momento identificar e cobrar do poder público o que pode ser feito para nos proteger. No perímetro urbano das cidades, por exemplo, são as obras estruturantes de drenagem, avançar com o saneamento básico e intensificar a recuperação de bocas de lobo. Já no entorno das cidades, precisamos atuar na preservação das nascentes, no replantio de árvores nativas e dar uma atenção especial para a proteção do nosso litoral, seus manguezais e praias.

Nesse processo de construir o “amanhã”, os seminários IMPACTO FUTURO do Instituto IMPAC vão continuar alimentando o bom debate sobre a importância da conscientização ambiental. As demandas são grandes e o tempo é curto. Com certeza vamos construir juntos uma aproximação de políticas públicas e investimentos privados, diante do que vem por aí:  reflorestamento em larga escala, priorizar o saneamento básico, cuidar das nascentes e olhar para o crédito de carbono como um instrumento de reparação ambiental. Um procedimento global  que vem sendo debatido, com foco no quem cuida ganha.

Por fim, já de olho no longo prazo, projetar Floripa e a Região Metropolitana para 2050, sem ser discursivo, com o rigor do conhecimento. O comentário de Carlos Alberto Tavares Ferreira, da Carbon Zero, no último dia 15, sobre o relatório que teve acesso do astronauta Ron Garan, que passou 178 dias no espaço, nos faz pensar no “amanhã”. Segundo ele, o que observou lá de cima é uma tênue camada de proteção que ainda nos permite viver.

Sem essa proteção vista por Ron Garan de uma fina película azul que protege tudo que consideramos civilização, a humanidade corre sérios riscos. Proteger agora significa ter amanhã. Pensem nisso. BOAS FESTAS!

terça-feira, novembro 18, 2025

Só a Educação conscientiza

 


 

Quando criamos o Instituto IMPAC, em 2024, o foco sempre foi a conscientização ambiental. O caminho também se sabia, passa pela educação. Em razão da COP30 no Brasil, logo veio a ideia de um projeto que pudesse levar Santa Catarina até Belém. Com poucos recursos e com pouco tempo disponível, o sonho virou um imenso desafio. Em 50 dias conseguimos realizar algo até então impensável, um projeto piloto exitoso: levar 734 crianças das escolas públicas de Santo Amaro da Imperatriz, a passar Um Dia na Mata.

Um breve balanço dessa experiência prazerosa será apresentado dia 27 de novembro, no Seminário IMPACTO FUTURO, dentro das comemorações dos 50 anos do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Através da dedicação voluntária e incansável dos dois biólogos, o professor Fernando Brüggemann e o professor Guilherme Willrich, com o apoio de alguns parceiros, foi possível transformar o que era um sonho em realidade.

De olho nas inúmeras imagens que guardamos, a foto acima da professora Monica Fantin recebendo o livro Tabuleiro, principal obra sobre a fauna e flora local, com mais de 600 páginas, do autor Fernando Brüggemann, é um desses momentos mágicos que só um celular consegue registrar.

Dois ex-alunos da UFSC, renomados professores, encantados por um projeto educacional, que se aproximaram por entender a dimensão de um livro nessa história. Afinal nada é por acaso. O conhecimento do Fernando, documentado no livro Tabuleiro, que serviu de suporte para todas as palestras que os alunos receberam dentro da programação Um Dia na Mata, só foi possível graças a obstinação de um pesquisador e seu legado construído ao longo de 35 anos de uma profunda relação com o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.

Na foto, Monica Fantin, Professora Titular do Centro de Educação da UFSC, atuando no Programa de Pós Graduação em Educação, recebe o livro Tabuleiro das mãos de Fernando. Uma união da educação na teoria e na prática..    

domingo, outubro 12, 2025

Nada é por acaso - parte III

 O mês de outubro começou animado. Da parte do governo a aguardada abertura de negociações entre  Brasil e EUA, promete. Os tensionamentos lado a lado devem esfriar e os desencontros superados. Ambos os lados dão sinais de que o " boi na linha" foi pastar. Sem chantagens para administrar, tudo fica mais fácil. As negociações podem ser duras, mas dentro da esperada racionalidade comercial entre dois países.

Outro acontecimento importante foi o do dia 8, na Câmara dos Deputados, quando a MP 1303 estava para ser aprovada. Por confiar nas tratativas de um Acordo passado, o governo acabou se dando mal. Como nada é por acaso, uma clara reação aos indicadores de uma melhora considerável do presidente Lula junto à opinião pública. Agora o governo vai ter que correr atrás. Quem se seu bem foram as "BETs", Bancos e Bilionários, que formaram a Bancada BBB. Assim caminha o pior Congresso da nossa história. 

Na sequência, dia 9, o Conselho de Ética da Câmara decidiu pelo arquivamento do processo de cassação do deputado "Made in USA". Pasmem, não viram nenhum problema de um deputado conspirar contra o seu país criando sérios problemas para a economia, emprego e a imagem do Brasil. Enquanto o espirito de corpo, a blindagem, a molecagem, continuarem protegendo o que há de pior na política, nossa jovem democracia corre risco. Sempre é bom estar de olho nos movimentos nada republicanos dentro do Congresso.

Já que é importante estar atento, não se pode desconsiderar a estranha indicação da líder da oposição na Venezuela, para o Prêmio Nobel da Paz, ocorrida no último dia 10. A própria imprensa internacional, que acompanha o processo de escolha do Prêmio Nobel, se mostrou surpresa com o resultado. Num momento de forte pressão pela paz, tendo em vista duas guerras sangrentas em curso, o esperado seria a premiação contemplar uma liderança reconhecida por todos pelo seu comprometimento com o fim desses conflitos.

Como nada é por acaso, especula-se que por trás da inesperada indicação possa estar o acirramento dos conflitos entre os EUA e a Venezuela. Com um Prêmio Nobel da Paz plantado no país, se fortalece a líder da oposição. Se for isso quem deve estar constrangido é o criador do prêmio, Alfred Nobel (1833/1896). 


quarta-feira, setembro 17, 2025

Nada é por acaso - parte II

 Em 11 de agosto, publiquei nas redes sociais, "Nada é por acaso". Um mês depois, por coincidência, com a condenação dos responsáveis pelo golpe de 8 de janeiro de 2023, uma atualização do que aconteceu nesse curto espaço de tempo se faz necessária. Afinal, foram trinta dias que mudaram a história do país. Uma afirmação impactante, mas verdadeira.

Sem qualquer exagero o que estava em jogo no dia 11 de setembro, no Supremo Tribunal Federal, era o futuro do Brasil. Nosso país foi destruído pela pandemia do coronavírus, com mais de 700 mil mortos. Só ficamos atrás dos EUA de Trump. Uma tragédia humana que jamais pode ser esquecida, tanto aqui como lá. Os atuais responsáveis pelo setor da saúde pública atribuem as baixas adesões a campanhas de vacinação, uma consequência do negacionismo governamental na época.

Quatro anos de atraso, sem se relacionar com o mundo lá fora, acaba com qualquer país. Ainda é pior quando dentro de casa a violência aflora, a sociedade se divide e o ódio se alastra. Sem uma gestão qualificada, um plano de governo e um projeto nacional que despertasse o interesse da sociedade, pouco restou para o Brasil. Um Congresso sem expressão, que se viciou nas emendas parlamentares. O bem comum se perdeu nos gabinetes e nas Comissões da Casa. O Orçamento ficou sob o controle do Parlamento. Sem dotação orçamentária suficiente, o Poder Executivo ficou nas mãos do Congresso.  

Em 2022, essa estrutura construída à revelia da própria Constituição foi derrotada nas urnas. O resultado não foi reconhecido pelo então presidente e postulante a um novo mandato. O golpe foi a saída que sobrou para se manterem no poder. Por terem fracassados na gestão, perderam nas urnas. A ambição pelo poder passou a alimentar o golpe. Em quatro anos pouco fizeram para mostrar para os brasileiros. Sem um plano de governo, a improvisação e o "puxadinho" foi o que restou.  

Quando se deram conta que tinham perdido boa parte dos seus votos, a reação foi ainda pior. Sem pensar nas consequências resolveram atacar o Brasil, por dentro e por fora. Internamente incentivaram a destruição da sede dos Poderes da República. Externamente, sem qualquer pudor, investiram tudo que podiam para prejudicar as nossas relações comerciais com parceiros antigos, gerando um grande mal-estar que ainda permanece. A história vai cobrar tamanha insanidade.

Por fim chegamos no dia 11 de setembro, um julgamento público, onde 59 advogados de defesa se pronunciaram em defesa dos réus. Não há como alegar prejuízo da defesa. Por quatro votos a um foram todos condenados. O que se espera agora é que volte à normalidade. O Brasil é muito maior do que vivenciamos nesses últimos anos. As reações da bolsa e do dólar, sinalizam que o resultado da condenação foi assimilado pela sociedade. Nas ruas também se viu um acolhimento pelo desfecho. A impressão que fica, tirando os radicalismos extremos, é de um sentimento coletivo de exaustão: deu!

O país precisa seguir em frente, mas sem se descuidar. A mediocridade ainda está entre nós. A pior Câmara de Deputados que o Brasil já teve, presidida por Hugo Mota, ontem, dia 16/9, na calada da noite, aprovou em regime de urgência, a PEC da blindagem para os deputados. Agora o cargo passa a protegê-los de qualquer desvio de conduta. Algo impensável pela ousadia dos nossos representantes. Uma vergonha articulada, construída e aprovada longe dos olhos do povo e na contra mão da vontade dominante da sociedade. Nada é por acaso, o que fizeram tem nome: oportunismo e falta de caráter.     

   



 

  

segunda-feira, agosto 11, 2025

Nada é por acaso

 

Na primeira quinzena de maio publiquei no blog De Olho no Futuro, um comentário sobre a matéria do The New Yorkers, com a manchete “Lula é o cara”. Diante do reconhecimento público de uma renomada revista americana ao papel relevante do presidente do Brasil como liderança política na América Latina, a extrema direita resolveu jogar pesado. Lá de fora vieram as taxações e as ameaças ao STF através do governo dos EUA, devidamente inflado por um deputado brasileiro que fugiu e que está à serviço de um outro país. Aqui o pior aconteceu na primeira semana de agosto, quando um motim dentro do Congresso Nacional, impediu que os presidentes das duas Casas ocupassem o seu lugar. Pasmem, quase que assistimos um golpe contra a democracia aplicado por congressistas que juraram defendê-la.

Nessas poucas semanas que separam maio de agosto, muitas coisas aconteceram: o deputado que recebe PIX do pai no exterior para detonar o Brasil, continua agindo contra o país; as taxações sem motivações técnicas de Tump, já estão em vigor; na Avenida Paulista brasileiros enrolados na bandeira dos EUA, apoiavam o nosso algoz. Uma situação vexatória e inexplicável diante das circunstâncias. Não dá para entender, enquanto o mundo reage contra Trump: o país mais atingido por ele tem gente festejando.  

A continuar essa doideira na rua, sem rumo e sem razão, associada aos parlamentares fazendo o que fizeram na sua própria Casa, uma ruptura institucional pode acontecer. A canalhice tem que ser combatida com rigor onde ela estiver, ou o nosso futuro estará comprometido. Não é hora dos desencontros ou das omissões, o Brasil está sendo atacado por forças externas e internas. Nós não podemos nos descuidar do Brasil. A desatenção com o país num momento grave como esse nos faz pensar que tem gente comprometida com outros interesses, que não são os nossos. Nada é por acaso.  

 

domingo, maio 18, 2025

Energia elétrica, riscos e desafios desse Século

 A guerra Rússia x Ucrânia, insana em todos os sentidos, já entrou no seu terceiro ano. Além da destruição causada e da imigração descontrolada que causou, deixou um rastro de mortos lado a lado. Sem o mínimo de atenção à realidade, a OTAN de forma atabalhoada expôs militarmente a sua fragilidade diante de uma Rússia fortalecida apoiada à distância pela China e pela Índia. Como a guerra se estendeu além do esperado a Europa literalmente, desabou: sucumbiu diante de sua dependência energética e o impacto disso no bolso dos europeus. Vai custar a se reerguer. (*)

Nos EUA um megaempresário com um ego maior que o Continente Europeu, que queria controlar os carros elétricos e as novas baterias no mundo, se sentindo engolido pela indústria chinesa, deu a seguinte declaração, "se os carros elétricos tomarem conta do mercado vai faltar energia para as pessoas". Supondo que temos mais de um bilhão de carros convencionais rodando, e que todos ao longo dos próximos anos sejam substituídos por carros elétricos, algo imprevisível vai acontecer com a geração, distribuição e transmissão de energia elétrica que temos hoje.

Na Rússia, talvez de forma precipitada, o governo brasileiro sinalizou simpatia para participar de um novo programa nuclear no país. Nada de muito diferente do que se fez no passado durante o regime militar, quando assinou com a Alemanha a implantação de várias usinas nucleares. Desse ambicioso programa da década de 70, o que sobrou foi Angra I e Angra II e um esqueleto da vizinha Angra III. Uma obra iniciada em 1981 e até hoje inacabada. O custo atualizado do mega watt hora é o maior do mundo. Ninguém que assumir a obra pelo mico que é. (**)

Um dos temas em pauta nesse mundo virado de cabeça para baixo, é a descarbonização do planeta que ainda depende majoritariamente do gás, do carvão e do petróleo. Só que essa importante mudança não está acontecendo nem na velocidade esperada e muito menos no acolhimento dos países produtores e consumidores de combustíveis de origem fóssil. Portanto, um longo caminho nos separa desse novo modelo. O que se precisa é sair da caixa, pensar nos antigos filmes de ficção da década de 50 e 60. 

Ainda jovem observava que eles tinham algo em comum, mobilidade rápida e eficiente. Drones que levavam pessoas como os taxis de hoje, mas de tudo o que mais impressionava era que as cidades não tinham fios e nem postes. O que nos leva a pensar que a energia elétrica era produzida e consumida no próprio local. Sendo isso verdade, a energia viria de uma pequena pilha, com alta tecnologia, carregada de energia. 

Se era viável nos sonhos de quem sonhava na década de 60, é muito mais viável agora quando novos materiais estão disponíveis e  minerais raros são descobertos. Um esforço global focado na busca da energia do futuro seria a decisão do Século. Não faltarão recursos, tecnologia e nem inteligência para a humanidade deixar o seu grande legado, a descarbonização do Planeta. (***)

(*) A OTAN sem os EUA não tem como sustentar a guerra insana entre Rússia e Ucrânia, que aliás não deveria ter começado. Trump abandonou seus aliados, lavou as mãos. Segundo o governo americano o poder bélico da Rússia é três vezes maior do que o da OTAN. 

(**) A pior coisa é insistir num erro. Angra III é uma tecnologia do século passado, década de 70, com equipamentos comprados e armazenados por quase 50 anos. Em 2003, como deputado federal, membro titular das Comissões  de Energia, Meio Ambiente e Tecnologia da Câmara Federal, e titular do Conselho de Estudo Especiais do Congresso Nacional, fiz parte de uma Comissão para apurar o estado da obra e dos seus equipamentos. Pouca coisa mudou.

(***) Grandes usinas, imensas linhas de transmissão em alta tensão, bilhões de quilômetros de redes de distribuição em baixa tensão, que estão espalhados pelo mundo não vão atender mais a demanda crescente por energia. Se nós estamos nos aproximando dos 10 bilhões de pessoas e com a mobilidade elétrica avançando, algo de novo vai acontecer. Pensem nisso, o amanhã começa agora.