Em 11 de agosto, publiquei nas redes sociais, "Nada é por acaso". Um mês depois, por coincidência, com a condenação dos responsáveis pelo golpe de 8 de janeiro de 2023, uma atualização do que aconteceu nesse curto espaço de tempo se faz necessária. Afinal, foram trinta dias que mudaram a história do país. Uma afirmação impactante, mas verdadeira.
Sem qualquer exagero o que estava em jogo no dia 11 de setembro, no Supremo Tribunal Federal, era o futuro do Brasil. Nosso país foi destruído pela pandemia do coronavírus, com mais de 700 mil mortos. Só ficamos atrás dos EUA de Trump. Uma tragédia humana que jamais pode ser esquecida, tanto aqui como lá. Os atuais responsáveis pelo setor da saúde pública atribuem as baixas adesões a campanhas de vacinação, uma consequência do negacionismo governamental na época.
Quatro anos de atraso, sem se relacionar com o mundo lá fora, acaba com qualquer país. Ainda é pior quando dentro de casa a violência aflora, a sociedade se divide e o ódio se alastra. Sem uma gestão qualificada, um plano de governo e um projeto nacional que despertasse o interesse da sociedade, pouco restou para o Brasil. Um Congresso sem expressão, que se viciou nas emendas parlamentares. O bem comum se perdeu nos gabinetes e nas Comissões da Casa. O Orçamento ficou sob o controle do Parlamento. Sem dotação orçamentária suficiente, o Poder Executivo ficou nas mãos do Congresso.
Em 2022, essa estrutura construída à revelia da própria Constituição foi derrotada nas urnas. O resultado não foi reconhecido pelo então presidente e postulante a um novo mandato. O golpe foi a saída que sobrou para se manterem no poder. Por terem fracassados na gestão, perderam nas urnas. A ambição pelo poder passou a alimentar o golpe. Em quatro anos pouco fizeram para mostrar para os brasileiros. Sem um plano de governo, a improvisação e o "puxadinho" foi o que restou.
Quando se deram conta que tinham perdido boa parte dos seus votos, a reação foi ainda pior. Sem pensar nas consequências resolveram atacar o Brasil, por dentro e por fora. Internamente incentivaram a destruição da sede dos Poderes da República. Externamente, sem qualquer pudor, investiram tudo que podiam para prejudicar as nossas relações comerciais com parceiros antigos, gerando um grande mal-estar que ainda permanece. A história vai cobrar tamanha insanidade.
Por fim chegamos no dia 11 de setembro, um julgamento público, onde 59 advogados de defesa se pronunciaram em defesa dos réus. Não há como alegar prejuízo da defesa. Por quatro votos a um foram todos condenados. O que se espera agora é que volte à normalidade. O Brasil é muito maior do que vivenciamos nesses últimos anos. As reações da bolsa e do dólar, sinalizam que o resultado da condenação foi assimilado pela sociedade. Nas ruas também se viu um acolhimento pelo desfecho. A impressão que fica, tirando os radicalismos extremos, é de um sentimento coletivo de exaustão: deu!
O país precisa seguir em frente, mas sem se descuidar. A mediocridade ainda está entre nós. A pior Câmara de Deputados que o Brasil já teve, presidida por Hugo Mota, ontem, dia 16/9, na calada da noite, aprovou em regime de urgência, a PEC da blindagem para os deputados. Agora o cargo passa a protegê-los de qualquer desvio de conduta. Algo impensável pela ousadia dos nossos representantes. Uma vergonha articulada, construída e aprovada longe dos olhos do povo e na contra mão da vontade dominante da sociedade. Nada é por acaso, o que fizeram tem nome: oportunismo e falta de caráter.