segunda-feira, março 23, 2020

Depois do coronavírus nada será igual

A última pesquisa Datafolha mostra que 73% das pessoas apoiam o isolamento forçado. Confesso que não tinha essa certeza. A aprovação de medidas duras mostra que as pessoas tem medo do vírus, sinaliza a pesquisa. Em meio a crise, uma esperança: as pessoas vão sair melhor do que entraram nessa pandemia.


Diante do caos algumas posições para reflexão:


- "A epidemia acaba, mas a solidariedade não vai embora e poderá transformar o Brasil" (Editorial da Folha 22/3)

- "Um dia a epidemia vai passar, e a maioria das pessoas terá sobrevivido a ela. Num plano já mais anímico (associado a alma), eu destacaria a retomada da confiança na ciência". (Hélio Schwartsman)

- "Quem sabe a partir desta pandemia a sociedade possa estar mais preparada para ser menos corporativista e mais comprometida com a ética relacional ". (Claudio Lottenberg)

- "Nenhum país poderá enfrentar isso sozinho. O investimento e o consumo caíram, constituindo um risco real e crescente de uma recessão global." (Antônio Guterres, Secretário-Geral da ONU)

- "Você era infeliz e não sabia". (Tati Bernardi)

- "O morador de favela está abandonado, não tem home office nem álcool em gel". (G. Rodrigues)

- "A falta de liderança é a maior critica nestes dias.O que se tem é uma liderança negativa", diz o professor emérito de ciência política da Universidade de Brasília, David Fleischer.

- "As palhaçadas do oficialismo federal são produtos de tempos estranhos. A sociedade brasileira bate panelas, aplaude os trabalhadores do setor da saúde e se move". ( Elio Gaspari)

- Quando o mundo não sai de casa, de Michele Oliveira; e nada como a quarentena compulsória para lubrificar a criatividade, de Susana Bragatto, são duas matérias sobre comportamento observados em Milão e em Barcelona. Vale a leitura. 

- "O mundo parou. Jamais imaginaria essa tragédia. Vai passar. Temos de se fortes e solidários. (Tostão, cronista esportivo, médico e jogador de futebol)

- "A maior crise que enfrentamos, globalmente, não é a pandemia de coronavírus e nem a recessão mundial que ela provavelmente trará, ambas passarão: é uma crise de valores." (Antonio Prata)

- "É triste ver na figura do presidente um estímulo à divisão da sociedade. Isso só piora a grave crise que estamos vivendo". (Ricardo Lacerda, do BR Partners. Movimentou US$ 21 bi, em 2019)

- "Jair Bolsonaro é um sujeito que nega a ciência, que vive em conflito com tudo e com todos. Que acredita em teoria da conspiração, cercado de terraplanistas. Meu pai era um dos maiores intelectuais que eu conheço. O embaixador Afonso de Celso Ouro-Preto. Homens que passavam a vida inteira lendo. E agora vemos a apologia da ignorância." (Dinho Ouro-Preto, vocalista do Capital Inicial")

- "Talvez esse vírus seja mesmo o recado de Deus. Deus natureza cansado do ódio, da ignorância, da irracionalidade, da brutalidade, da violência e da vileza dos mitos e profetas. Um Deus farto das trevas e ansioso por um Renascimento". (Fernanda Torres)

PS - Em época de coronavírus - refletir - ajuda o tempo passar. Por isso selecionei alguns trechos de entrevistas e artigos de pessoas de diferentes setores, com as quais me identifico. Durante a quarentena pretendo reler e comentar suas observações.


Um comentário:

Gleice Mere disse...

O recolhimento forçado talvez seja uma resposta do universo à necessidade pungente de repensarmos nossa sociedade de consumo. Como as palavras não convencem e as discussões salutares se tornaram, para muitos, como algo malvisto, talvez o isolamento social traga a possibilidade de se refletir. Não adianta algumas pessoas viverem em luxo extremo e a maioria sem nada. Pensar no bem-estar social como igualdade não é ideologia de esquerda, é sensatez. Para os religiosos espero que vejam isso como igualdade cristã.