quarta-feira, abril 22, 2020

Coronavírus: a Dinamarca não é o Brasil

Em época de quarentena, se organizar ajuda o tempo passar. O dia precisa ser dividido, para que quarta-feira não vire domingo. No meu caso durmo o que dormia, ao acordar o alongamento de sempre, depois respondo as demandas que recebo e o almoço. De tarde leio, escrevo, ajudo na limpeza do jardim e faço pequenos reparos na pintura da casa. De noite, as notícias do dia e um filme na NETFLIX.

Não é o melhor dos mundos, até porque gosto da rua. Só que é o que tem que ser feito. Ao assistir as  carreatas no final de semana, com insanos seguidores do Bolsonaro, obstruindo entrada em hospitais e defendendo a ditadura, me veio à lembrança um recente artigo que li. O autor, Rodrigo Zeidan,  o título: "Falsa dicotomia".(*)

Rodrigo lembra que quando um país entra numa quarentena séria, antes pode sair. A Dinamarca é o exemplo utilizado, as aulas já estão voltando. Para ele, no Brasil temos o pior dos mundos: "uma quarentena parcial que mata o fluxo de caixa de várias empresas sem gerar o benefício para o sistema de saúde". Ressalta que temos uma área econômica estarrecedora, que ainda está presa na ideia de que o déficit público deve ser o menor possível.

O texto é longo e vou poupá-los. Com o resumo acima já dá para contextualizá-los e justificar a razão do meu comentário, a Dinamarca não é o Brasil. Quando estive lá foi para conhecer a Vestas, até então a maior fabricante de aerogeradores do mundo. Já faz um bom tempo e consegui a reunião através da Embaixada do Brasil. Do pouco que vi e do muito que ouvi, a Dinamarca respira liberdade e tem um profundo respeito por seus cidadãos. Como consequência, os dinamarqueses são muito conscientes dos seus deveres e direitos. Valorizam a democracia e o voto.

Esse poder da cidadania está entranhado na sociedade. Na hora de votar sabem identificar quem está preparado para o cargo, quem apresenta e defende suas propostas de governo, quem respeita o meio ambiente e se preocupa com o bem estar da população. Não é por acaso que a Dinamarca está - sempre - entre os 10 países com melhor qualidade de vida do mundo. 

(*) Rodrigo Zeidan é professor da New York University Shanghai e da Fundação Dom Cabral.

  

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