Uma das piores situações que você pode enfrentar, é se sentir perdido. Quantos de nós estamos nos sentindo assim, no leito dos hospitais ou em casa de quarentena. De repente você está envolvido por sentimentos de angústia, impotência e medo. Na década de oitenta passei por isso, perdido no meio do nada. A sensação é a pior possível. Sem se ter uma referência, a decisão a ser tomada passa a ser um jogo. E torcer para que a escolha seja certa.
No caso da cloroquina, a aposta de Bolsonaro, a situação é outra: existem inúmeros estudos e várias opiniões. A escolha não é um jogo, ainda mais sabendo que a decisão envolve vidas. Em plena pandemia com milhares de mortes e milhões de infectados pelo mundo, transformar um medicamento numa batalha política local - só agrava o quadro.
Na mesma semana que Trump anuncia que toma hidroxicloroquina diariamente, Bolsonaro se saiu com essa:"aqui quem é da direita toma cloroquina, quem é de esquerda toma tubaína". Se não bastasse o comentário desastroso, o sem noção vem aumentando a pressão para que os médicos da rede pública prescrevam cloroquina à pacientes de Covid-19. Algo impensável diante do juramento que prestaram e das consequências legais que podem advir. (*)
Como nada na vida é por acaso, dois países vão sair dessa pandemia marcados pelo que fizeram: o Brasil e os Estados Unidos. Justamente porque seus respectivos presidentes impuseram uma agenda política, durante uma grave crise de saúde pública. Um busca a reeleição agora, o outro em 2022. Lamentável, as mortes ocorridas farão parte da história.(**)
(*) Tubaína é um refrigerante a base de guaraná bem conhecido no interior de São Paulo. Fabricantes e distribuidores protestaram pelo uso indevido. Tubaína também é uma antiga prática de tortura.
(**) Assim como fez com o Acordo de Paris, Trump ameaça deixar a OMS.
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