terça-feira, junho 02, 2020

Energia e pobreza, The Economy of Francesco

Energia e pobreza é uma rede da Igreja Católica que já conta com mais de 2000 jovens de todo o mundo. O movimento é crescente e nasceu dentro do projeto do papa Francisco, denominado The Economy of Francesco. Quem coordena o movimento aqui no Brasil, é o padre Vilson Groh da Arquidiocese de Florianópolis. Conforme já tinha comentado no blog, sou um voluntário do programa. Sempre que posso contribuo para a rede com minhas reflexões, com intuito de incentivar os jovens na busca de novas ideias a partir da realidade local.



Por falar na realidade local, o quadro acima é da EPE, a empresa de planejamento energético do Brasil. Portanto, são dados oficiais e a referência é o mês de abril. O que se observa é que com a pandemia ocorreu uma acentuada queda no consumo de energia. Quem acompanha o setor sabe que uma redução de 6,6%, nunca aconteceu antes. Além disso, o que mais chama a atenção é o encolhimento no setor industrial de 12,4% e no setor de serviços de 17,9 %.(*)

Para os especialistas no mercado de energia elétrica, os indicadores não poderiam ser piores. A maior queda se deu nos dois setores que movimentam a economia. O impacto no setor de serviços e na indústria foi brutal. O quadro é o pior possível, porque enfraquece uma economia já combalida. Sempre é bom lembrar, que em 2019, antes do coronavírus, o PIB cresceu apenas 1,1%.

Quando a indústria e o setor de serviços apresentam resultados tão negativos, as consequências são conhecidas: desemprego e pobreza. Portanto,  retomar o crescimento nessas condições só no médio e longo prazo. Dando tempo ao tempo, para que se possa projetar o pós pandemia, só vejo um novo modelo de desenvolvimento. Que, por uma feliz coincidência, é o mundo sonhado pelo papa Francisco.

Nesse novo mundo o olhar para a pobreza tem que ser outro, sem contar que os empregos não serão os mesmos. A inovação virá a partir da realidade local, aproximando a juventude das soluções. Políticas públicas com foco  nos mais necessitados, será a regra. O auxílio emergencial deixaria de ser emergencial, para ser um programa de renda mínima. Quem pensa em sair de uma recessão global como essa, usando as ferramentas passadas, sem incluir os excluídos, só vai fazer a retomada ser ainda mais longa e custosa.

Se por um lado a pandemia serviu para mostrar as fragilidades globais, The Economy of Francesco é a oportunidade que temos de pensar diferente. O olhar local é fundamental, nossos países e nossos governantes não são iguais. Lamentavelmente, passamos por um momento de negação à ciência, ao conhecimento e a integração dos povos. Os jovens do programa Energia e Pobreza sabem que o Brasil não é esse atraso que estamos vivenciando, é muito melhor. Para transformar suas ideias em realizações, vale a pena lutar. Contem conosco nessa caminhada.

(*) Como registro: o gráfico acima da EPE também mostra um incremento no consumo residencial de 6%, perfeitamente explicado pela quarentena que manteve as pessoas em casa.

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