segunda-feira, agosto 24, 2020

ANGRA 3, um mico. Privatização da Eletrobras, um engodo.

Como se percebe quando um governo está sem rumo? A pergunta, mais que oportuna, se faz necessária nos 600 dias do atual governo. Já as respostas dependem de cada um, de acordo com o  setor que lhe interessa. Se for na área da saúde; as mortes por COVID 19 avançam e o ministro é interino. Quando se trata de desmatamento e queimada; a Amazônia é a grande preocupação. No caso da crise econômica;  dólar em alta, desemprego, auxilio emergencial  e o empobrecimento da população.

Sem ser alarmista, um quadro bem preocupante. No caso do setor elétrico, em particular, o que está em curso é muito grave. Angra 3, por exemplo,  é uma vergonha; e assim precisa ser vista pela sociedade.  O programa nuclear brasileiro é da década de 60.  A lentidão e a má gestão, independente do governo de plantão, arrastaram Angra 3 no tempo.

 Em 2005, como deputado federal e membro das comissões de Ciência e Tecnologia, Energia e Meio Ambiente, fiz parte de uma comissão do Congresso Nacional para ver a situação dos equipamentos de Angra 3. Como estavam guardados e se a garantia estava validada .

O que constatamos na época é que para guardar uma tecnologia ultrapassada, se gastava cerca de 20 milhões de dólares por ano. Não sei quanto é hoje, mas deve ser bem mais. Em 2015 a obra de Angra 3 parou mais uma vez, por denúncia de corrupção e superfaturamento. Uma usina cuja construção se estende por mais de 30 anos, se um dia vier a produzir energia, afirmo: será a energia mais cara do mundo.(*)

Diante desse quadro onde as responsabilidades se diluíram no tempo, uma novidade. Na semana passada, o governo anunciou que está reservando 4 bilhões de reais da União para criar uma nova estatal. Pasmem, para substituir a Eletrobras que querem privatizar. Os recursos, em parte, poderiam bancar a retomada das obras de Angra 3. (**) 

(*) Sempre que os governantes falam no preço da energia da Angra 3, por esperteza, só consideram o valor que falta gastar. O certo é atualizar o valor que foi gasto desde o início do projeto. Só que esse número ninguém sabe. Talvez o TCU saiba. 

(**) Duas semanas atrás, dia 7, comentei no blog que a Eletrobras vendeu seus ativos nos parques eólicos do sul do Brasil. Um excelente negócio para quem comprou. Agora querem criar uma nova estatal, na expectativa de injetar mais recursos públicos em Angra 3 - nosso maior mico. 

PS - Na França, onde as usinas nucleares tem forte presença na matriz energética, a preocupação com a segurança e a inovação tecnológica - é total. Um retorno ao passado, como é Angra 3, nem pensar. Não é por acaso que o maior reator de fusão nuclear está sendo construído lá. A fusão é um novo patamar tecnológico, mais seguro e eficiente. 

 


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