quinta-feira, abril 29, 2021

A Lava Jato desMOROnou


      Juiz Sergio Moro durante depoimento na comissão de reforma do Código de Processo Penal
                                                  Foto: Lula Marques / AGPT. 

Já faz um bom tempo que tive uma conversa espinhosa sobre a Lava Jato, fui cirúrgico: Moro vai acabar com a  Lava Jato. Na época as personagens que me vieram à lembrança foram, o doleiro Alberto Youssef, o deputado federal pelo Partido Progressista do Paraná, José Janene (PP), e o diretor da Petrobras, de 2004 a 2012, Paulo Roberto Costa. (*)

Em paralelo ganhava destaque um juiz de primeira instância, jovem e ambicioso, Sergio Moro. Ao seu redor procuradores com o mesmo perfil, se juntaram em torno de um - até então - impensável projeto: usar a Lava Jato para afastar Lula da eleição de 2018. Com esses atores togados, se criou a República de Curitiba. As apurações e delações passaram a ter um objetivo, condenar Lula. 

O esquema montado estava funcionando bem, que até filme virou. Só que poder e dinheiro começaram a subir na  cabeça de alguns envolvidos. Um personagem até então desconhecido do público, Tacla Duran, começa a contar sua história. Um relato que Moro e sua turma não queriam ouvir.

Tacla Duran,  à época advogado da Odebrecht, com dupla nacionalidade, se viu ameaçado e foi morar na Espanha. De lá manda seus recados, quer fazer uma delação sobre as delações combinadas.  Algo me diz que Tacla Duran tem muito para contar. Que figura sinistra essa de delator, traz sempre um risco. Vamos aguardar...

Agora, com a decisão do Supremo Tribunal Federal pela parcialidade do juiz Sergio Moro, as suspeitas se confirmaram. Moro foi muito além das suas funções, deixando um rastro de ilicitudes. Não dá nem para alegar que os ministros do Supremo foram indicados pelos governos do PT; até porque os que tentaram livrar a cara do Moro, fazem parte da "lista petista". As consequências de uma condenação sem provas, não param por aqui. Todos sabem o que Moro fez. 

Seus amigos do TRF-4, vão ter que se explicar. Além de não terem percebido nada de errado com o processo e a sentença de Moro, ainda aumentaram a pena de Lula. O então presidente do Tribunal Regional, se tornou conhecido por declarar publicamente "que a sentença de Moro era irretocável", mesmo sem ter lido. A impressão que fica, é que todos estavam à serviço de uma mesma causa, a condenação de Lula. (**)

Só que a ambição de Moro era tanta, que virou ministro do governo que ajudou a eleger. Ingenuamente pensou que assim seu grande objetivo seria atingido, a Presidência da República. Em menos de um ano, veio o troco pelas mãos de Bolsonaro. O resto fica por conta do que a história lhe reservou. O que sobrou para o Moro, é o pior dos mundos: será sempre lembrado por ser um juiz parcial.

(*) José Janene, deputado federal do Partido Progressista do Paraná, faleceu em setembro de 2010. Nos telejornais, as siglas PP e PT, intencionalmente, se confundiam. São tantos partidos e tanto "P", que  poucos sabem o que é o PP. Já o PT é uma marca. São pequenos detalhes da comunicação de grande alcance, que nem todos percebem... 

(**) O que o ministro Fachin decidiu, foi por algo que todos sabiam (ou deveriam saber): a ação movida contra Lula estava no lugar errado. Que distração do poder judiciário, cinco anos se passaram para perceberem o óbvio.  

PS - Que fique uma lição: nunca vá com muita sede ao pote; nunca condene alguém sem prova.   


      

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