Dois episódios semelhantes ocorridos recentemente tiveram um desfecho bem diferente: o impeachment do governador Wilson Witzel no Rio de Janeiro e a absolvição do comandante Carlos Moisés em Santa Catarina. Os dois nunca tinham passado pelas urnas, e, mesmo desconhecidos, se elegeram com uma montanha de votos. Moisés, por exemplo, se elegeu com 70% dos votos.
Por motivos diversos, durante o pouco tempo de governo que tiveram, se afastaram de quem os elegeu. Witzel, um sem noção, achou que poderia ser presidente. Pobre país, mais um legado que Bolsonaro nos deixa, agora qualquer um acha que pode ser presidente. Já Moisés, não queria ir além, virou governador por obra do destino. Sem dúvida um ponto a seu favor.
O resultado no tribunal de julgamento de Witzel fala por si: por unanimidade foi decidido o seu afastamento do cargo. Uma pá de cal nos delírios de Witzel virar presidente. Em relação a Moisés, depois de sobreviver a dois impeachments, espera-se que tenha aprendido alguma coisa da política.
O que chamou mais a atenção no caso do julgamento do Moisés foi o voto decisivo do deputado do PT no tribunal de julgamento que o manteve no cargo. Para mim nenhuma surpresa. Tem mais a ver com a vice que assumiu no seu lugar do que com o próprio Moisés. Afinal, 2022 está logo ali.
Muitas pessoas não entendem que a política tem o seu tempo. Só funciona através do consenso. Conversar é preciso, peitar não dá certo. Alguém que leio e acompanho com atenção, o analista político Alberto Carlos Almeida, comentou como as instituições estão respondendo bem às demandas próprias da democracia diante da crise política que atravessamos.
Nos últimos 30 dias, muita coisa aconteceu: Moro desmoronou; Lula se libertou das acusações sem provas; Ernesto Araújo foi afastado do governo; Salles vai ser investigado; a CPI da Covid foi instalada; a Lei de Segurança Nacional está sendo revogada; Pazuello é a bola da vez; Queiroga se saiu mal na CPI e os filhos do presidente correm o risco de serem ouvidos.
A CPI da Covid está só começando. Atormentado pelas últimas pesquisas e sem saber o que vai acontecer com o seu governo, Bolsonaro vive o seu pior momento. O uso da cloroquina está se virando contra ele. A campanha de vacinação se arrasta. O foco da CPI é o general Pazuello. Já deu para ver que governar não é com ele. Propor alternativas, debater projetos, buscar consensos - não faz parte do seu DNA.
PS - Pelas movimentações políticas acima, é possível identificar que Bolsonaro está mais para Wilson Witzel, do que para o comandante Moisés. Quem não se lembra da patética cena de Witzel descendo de um helicóptero na Ponte Rio-Niterói, vibrando porque ia assistir a execução de um suspeito. A sociedade vai cobrar sobre as mortes ocorridas em Jacarezinho. A violência, o medo e o pânico nas comunidades, não pode ser tratada pelas autoridades, como política de segurança pública. O governo Bolsonaro, a cada dia que passa, nos tira o direito de sonhar e nos faz sofrer por tanta insensatez. Uma agonia!
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