quarta-feira, maio 19, 2021

O Brasil de cabeça pra baixo

Nunca antes me aconteceu de acordar cedo e não saber o que escrever. Normalmente as ideias me chegam a noite e a linha editorial se define rapidamente. Depois os dedos se encontram com o teclado e o texto está disponível no blog para todos. 

No frio da manhã de hoje não consegui escrever. Pior, não consegui definir o que escrever. As prioridades eram tantas que resolvi dar um tempo: Pazuello na CPI da Covid,  Ricardo Salles investigado pela PF, privatização da Eletrobras, devastação da Amazônia e a Ilha do Campeche ameaçada por Bolsonaro e suas insanidades. Sem falar, obviamente, do presidente que nos chamou de idiotas.

O tema mais imediato me pareceu ser a privatização da Eletrobras, marcada para breve. Diante das suas graves consequências e o meu compromisso histórico com a luta contra a sua privatização, vou tratar dela agora.

A minha história contra as privatizações do setor elétrico remontam ao governo Collor. Por coincidência Collor é um dos apoiadores mais próximos de Bolsonaro. Pulando o longo passado de luta e resistência, que serviu para fortalecer minhas convicções, a privatização da Eletrobras volta a ser o assunto da semana. 

Durante o meu mandato como deputado federal consegui retirá-la do Programa Nacional de Privatizações. Sem mandato fica tudo mais difícil. A contribuição se limita à reflexão sobre o que vai acontecer. Nada além de um registro sobre os interesses obscuros que se desenvolvem num projeto de venda de ativos de tamanha magnitude. Sempre alerto: privatização é um bom negócio para quem compra e para quem participa da negociação.

Um resumo da tramoia está na introdução de uma matéria de Danielle Brant e Thiago Resende sob o título Parecer de privatização da Eletrobras fortalece estatal dominada pelo centrão (FSP 12/5). "Relator preliminar da medida provisória que abre o caminho para a privatização da Eletrobras, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) deu parecer favorável ao texto e fez mudanças para definir diretrizes para a organização da empresa pública que poderá ser criada para controlar Itaipu Binacional e Eletronuclear. O texto ainda fortalece uma estatal comandada pelo centrão. A MP precisa ser votada até 22 de junho pelo Congresso para não perder validade".

Ou seja: de um lado estamos perdendo o controle sobre o setor, do outro estamos preservando e acomodando cargos partidários criando empresas públicas para esse fim. Já adianto que os preços da energia vão subir. Os reservatórios estão baixos e as térmicas vão ser acionadas com mais frequência. Na contramão de tudo que o mundo está fazendo, descarbonizar o planeta, outros interesses dificultam a expansão da energia solar no Brasil. 

O uso da energia do sol e do vento em larga escala, é uma proteção aos nossos reservatórios. São fontes naturais disponíveis e permanentes. Os investimentos são privados e pulverizados. A Eletrobras pública com o seu sistema nacional de transmissão é fundamental no grande desafio de despachar de forma racional um conjunto de fontes geradoras de energia tão variado.

 PS - Senhores deputados, pensem nisso. 

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