terça-feira, julho 28, 2020

Moro: de herói a vilão

Por essa nem Moro esperava, vem de um colega seu, da Itália, o juiz e professor Luigi Ferrajoli, 79, pesadas críticas a sua postura como  juiz da Lava Jato. Depois que rompeu com Bolsonaro, o inferno astral que se abateu sobre o ex-juiz não para de crescer. 

Ao impedir a candidatura de Lula e, por consequência, dar fôlego a candidatura de um patético deputado federal, que pouco fez nos seus 28 anos de mandato no Congresso, Moro abraçou a ideia de ser agraciado com uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Dessa forma o PLJ,  Partido da Lava Jato, como é chamado por Demétrio Magnoli, estaria contemplado na mais alta Corte do país.

No entanto, duas coisas aconteceram e atrapalharam os planos de Moro. A primeira foi a operação Vaza Jato, do Intercept Brasil, que transformou Moro de herói em vilão. A segunda foi sua nomeação para Ministro da Justiça. O namoro do ex-juiz com o presidente durou pouco. Bolsonaro logo percebeu que Moro estava de olho no seu lugar. Da desconfiança para a fritura foi uma questão de tempo. 

Só que o pior estava por vir, a inesperada entrevista do professor Luigi, de uma página inteira, na Folha de São Paulo, do dia 25. Para quem não leu, uma bomba de efeito retardado. O ex-juiz, profundo conhecedor da operação Mãos Limpas, que ocorreu na Itália na década de 90, citada inúmeras vezes durante o processo da Lava Jato, acabou com a versão utilizada por Moro e seus partidários do PJL. 

Indagado sobre a semelhança das duas operações, o professor Luigi foi enfático:

"No caso de Lula, as violações das garantias do devido processo legal foram, desde o início, massivas. Em qualquer outro país, o comportamento do juiz Moro justificaria sua suspeição, por explícita falta de imparcialidade e as repetidas antecipações de julgamento".

PS - Em paralelo a Procuradoria Geral da República, o Supremo Tribunal Federal e a OAB, já sinalizam que a lenda da Lava Jato vai ter muito que explicar pelo que fez.